OS AVÓS DE JESUS
As férias são uma ótima oportunidade para estudantes e profissionais mudarem o ritmo das atividades e darem uma pausa necessária no agitado cotidiano da vida. Desta forma, o convívio com os amigos, um passeio planejado ou não, a convivência com os familiares sem o temor do tempo que passa demasiadamente rápido, viabilizam um necessário descanso para a mente e para o corpo.
O dia 26 de Julho é dedicado aos avós e, na Tradição da Igreja Católica Apostólica Romana, é dedicado a Sant´Ana e S. Joaquim, pais de Maria, a Mãe de Jesus Cristo. A vida deste santo casal está narrada nos Livros Apócrifos, especificamente no Proto Evangelho de S. Tiago (séc. II); estes livros ajudam-nos a entender e a fundamentar muitos aspectos da vida dos Santos, assim como da própria mensagem da Igreja; eles são instrumentais de estudo sem desconsiderar a veracidade e a autenticidade dos textos bíblicos.
Ana e Joaquim eram idosos e estéreis. Pelos costumes e crenças da época, o casal que não tivesse filhos era considerado privado da graça de Deus. Por um desígnio divino que somente a fé explica, eles geraram Maria, que se tornou a “bendita entre as mulheres” (cf. Lc 1,26-38). Foi pelo testemunho de esperança e fidelidade que este nobre casal sempre prestou, que o “Deus de nossos pais“ (cf. Ex 3,15) ouviu suas preces, pois “para Ele nada é impossível” (cf. Lc 1,37).
A devoção de Ana e Joaquim vivida pelos avós, pelos enfermos, pelas famílias e casais com dificuldade de engravidar, aparece como sinal de compromisso e de esperança para com a vida, de modo particular, quando ela pode entrar em seu declínio; quando a vida é missão cumprida com a chegada da neve do tempo que paira sobre suas cabeças. Embora a ciência tenha avançado para melhorar a qualidade de vida, para mudar os hábitos das pessoas, permitindo-lhes maior longevidade, não nos faltam exemplos, em vários setores da sociedade, de descaso para com os idosos.
O que aconteceu com os pais da Virgem Maria – situação em que a fé tornou possível o que parecia humanamente impossível – permite-nos pensar sobre a maneira de nos relacionarmos com aqueles que têm muito a nos ensinar pela experiência, trabalho e educação, tanto no plano dos valores humano-cristãos, como no plano da preservação das relações de família. A comemoração desta data torna-se ocasião especial para a manifestação do respeito, do carinho, da tolerância e paciência para com as pessoas de idade avançada, carentes de nossa proximidade e de nosso cuidado diários. Neste contexto, o cuidado supõe enxugar-lhes as lágrimas, ouvir suas histórias, compartilhar sorrisos, às vezes ofuscados pela dor da saudade e pelo abandono a que, muitas vezes, eles são submetidos na própria casa, em asilos ou casas de repouso. Estamos aqui falando de maneira generalizada, e sem emitir qualquer juízo sobre a questão.
“Meu filho, cuide de seu pai na velhice e não o abandone enquanto ele viver (...) A caridade feita ao seu pai não será esquecida e valerá como reparação pelos pecados que você tiver cometido. No dia do perigo, o Senhor se lembrará de você, e seus pecados se derreterão como a geada ao sol” (Eclo. 2,12-15) . Com essa motivação que a Palavra nos traz, que Deus nos inspire iniciativas e políticas públicas que proporcionem solidariedade e maior reconhecimento para com os idosos. Que a ternura e a sensibilidade dos avós fecundem a sociedade para uma nova civilização de amor e cuidado no começar de cada um, e que pode ir passando a todos. Deus abençoe os Distritos de Sousas e Joaquim Egídio, bem como as Paróquias, cidades e instituições; ou seja, todos os que têm Sant´Ana e S. Joaquim como seus Padroeiros. Por isso, “com a Mãe de Maria, servimos todo dia”.
“Em ti vemos, felizes, Sant´Ana
A ternura que têm as vovós;
Com jeitinho de mãe nos irmana
Roga a Deus, com jeitinho, por nós”
(Canto Litúrgico – Letra: Pe. Lúcio Floro/ Música: Ir. Míria T. Kolling)
Pe. Paulo Emiliano
Pároco – Paróquia Sant´Ana – Sousas – Campinas/SP
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