PERDER
PARA GANHAR
O
exercício do pontificado é algo assumido por amor à causa
do Evangelho na continuidade da doação feita por homens de fé, coragem
e zelo a começar pelos Patriarcas, perpassando o testemunho dos Profetas
e dos Apóstolos. A renúncia de Bento XVI faz alusão à
frase que intitula este artigo, baseada na vida de Santa Edith Stein,
uma judia que se converteu ao catolicismo e consagrou sua vida à
Ordem Carmelita Descalça com o nome de Teresa Benedita da Cruz (1891-1942),
buscando reumanizar o coração das pessoas por meio de escritos que
expressam o vínculo entre a fé e a ciência.
O
amor faz relativizar aquilo que parece óbvio e circunstancial,
faz ver além do que se nos apresenta. Os pais renunciam tantas coisas
por seus filhos, o esposo pela esposa, numa grande corrente que faz do amor um constante movimento.
Perder para ganhar supõe não pensar em si mesmo. Uma liderança nada
realiza se não tiver ao seu redor pessoas que possuem um mesmo ideal
de projeto a ser configurado entre erros e acertos. Quem ama compartilha
sentimentos, responsabilidades, coloca-se no lugar do outro, está ciente
de suas virtudes, fraquezas e limites e propõe algo de novo sem fazer
parar o barco no mar da vida.
Um
pontífice é, etimologicamente, um construtor de pontes, independente
do lugar de onde venha. O pontificado se torna, então, o caminho daquele
que proporciona aos peregrinos olhar a estrada para vislumbrar sua beleza,
seus encantos, seus perigos e seus atalhos que levam sempre ao lugar
preparado pela Fonte do amor que é o próprio Deus.
Em
um contexto de mudança de pontífice e pontificado, o convite a repensar
as escolhas, a revisar o caminho percorrido e perceber que os espinhos
nunca ferem a rosa que, por um determinado tempo, exala seu suave perfume,
mesmo quando amassada e pisada, pois esta é a sua primeira vocação.
Assim
sendo, que as mudanças contemporâneas dentro e fora da Igreja sejam
um despertar, para que o amor seja o sentimento que predomine em todas
as esferas da sociedade, para que a vida, a não impunidade e a humildade continuem a ensinar que “tudo vale a pena se
alma não é pequena” (F. Pessoa). Que a Páscoa nos encontre de esperanças renovadas na luz
da fé que não se cansa de brilhar em nós e para nós.
Artigo Mensal do Pe.
Paulo Emiliano – Paróquia Sant´Ana – Sousas