O Tempo da Quaresma vai da 4ª feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o tempo de preparar a celebração da Páscoa.
Os gestos fundamentais desse tempo litúrgico são: a oração (que não é a repetição mais ou menos mecânica de fórmulas [mesmo excelentes] aprendidas de cor, mais é a minha relação com Deus); o jejum (que não é ficar sem comer um dia para nos fartarmos até fazer mal no outro, mais é, a minha relação com as coisas); a esmola (que não é a moedinha que está atrapalhando, mais é a minha relação de solidariedade com o outro).
O Tempo da Quaresma é, para a Igreja, que somos nós povo de Deus, um tempo de deserto. Deserto é aridez, falta de vida, solidão, silêncio. Para nós, herdeiros do povo da Bíblia, “deserto” lembra Abraão, chamado por Deus a deixar sua terra. Olhos fitos no futuro, Abraão parte, guiado só pela fé. Deserto evoca aqueles inúmeros escravos hebreus, liderados por Moisés, em busca da vida e da liberdade, que Deus ia conquistando com eles, passo a passo, dia a dia, entre avanços e recuos, como convém aos seres humanos. E lembra Jesus, que, antes de iniciar seu ministério público, enfia-se no deserto, para se encontrar mais profundamente com Deus e consigo mesmo. Ali foi tentado, mas, Jesus percorre vitorioso o caminho de todo ser humano, que, caído, não chega ao solo dos seus sonhos.